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Visando abrir a “caixa-preta” do BNDES, governo Bolsonaro gastou R$ 48 milhões em auditoria que concluiu que contratos do banco não tinham irregularidades. Diferentes escritórios analisaram oito operações realizadas pela instituição entre 2005 e 2018 e não encontraram nada ilegal
Uma auditoria milionária contratada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) analisou os negócios feitos entre o banco e as empresas do grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista. A auditoria não encontrou irregularidades.
Desde a campanha de 2018, o presidente Jair Bolsonaro tem falado em “abrir a caixa-preta do BNDES”. A abertura da “caixa-preta” foi uma das missões dadas por Bolsonaro ao presidente do BNDES, Gustavo Montezano, que tomou posse em julho do ano passado.
O resumo do relatório da investigação feita no BNDES tem oito páginas e foi realizada por auditores externos. O estudo custou ao banco R$ 48 milhões — o valor foi confirmado pela instituição.
A notícia foi publicada pelo jornal “O Estado de S.Paulo”. Segundo o relatório, o BNDES contratou dois escritórios de advocacia, um estrangeiro com sede em Nova York, e outro no Rio, para conduzir a investigação relacionada a oito operações entre o BNDES e os grupos JBS, Bertin e Eldorado Celulose, entre 2005 e 2018. O objetivo era apurar se houve suborno ou corrupção nessas operações.
Ex-presidentes do banco, como Joaquim Levy, Luciano Coutinho, Paulo Rabello de Castro e Dyogo Oliveira chegaram a afirmar que não havia evidências de irregularidades no BNDES.
A auditoria interna, apresentada no mês passado, também não havia encontrado irregularidades nas oito operações investigadas. No relatório, foram analisados mais de 3 milhões de dados eletrônicos de funcionários e ex-funcionários.
“A Equipe de Investigação não encontrou durante sua análise nenhuma evidência direta de corrupção em conexão com as Operações”, aponta o resumo do relatório final da investigação da auditoria externa.
A OAB disse que vai solicitar informações sobre o contrato com o escritório estrangeiro de advocacia. A entidade quer saber se essa contratação é legal.
“Caixa-preta” do BNDES era fake news
Em meados de dezembro, ao apresentar o plano trianual do banco, o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, nomeado por Bolsonaro, afirmou ter cumprido a promessa de abrir a “caixa-preta” do banco, considerada por ele, à época de sua posse, a “meta zero”, ou seja, prioritária da sua gestão.
“Hoje, entendemos que não há nada, nenhum evento a mais, que requer esclarecimentos. A sociedade está com informação de qualidade e substancial”, afirmou Montezano.
Gustavo Montezano substituiu Joaquim Levy na presidência do BNDES, que pediu demissão após o presidente Jair Bolsonaro dizer que ele estava com “cabeça a prêmio”. Uma das queixas do presidente era a suposta conivência de Levy com o que ele classificava como “caixa-preta” do banco.
A polêmica sobre supostas operações escondidas pelo BNDES era assunto recorrente nos discursos de Bolsonaro durante a sua campanha eleitoral. Após o primeiro turno, ele chegou a publicar em seu perfil no Twitter a promessa de “abrir a caixa-preta do BNDES” logo no início do governo, e “revelar ao povo brasileiro o que feito com seu dinheiro nos últimos anos”.
Edição: Aurélio Fidêncio
Matéria: Folha de São Paulo
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