O que foi visto como pressão golpista não passou de um ato patético
A passeata de tanques pela Esplanada dos Ministérios em Brasília, nesta manhã, para a entrega de um convite ao presidente da República só reforçou a certeza de que Jair Bolsonaro está cada vez mais isolado. Nenhum representante do Congresso e do Poder Judiciário compareceu.
Militares de alta patente, como o ministro da Defesa Braga Neto e os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica, rodearam o presidente. Mas nos Estados Maiores das três armas, a cena só serviu para aumentar a insatisfação.
Foi do comandante bolsonarista da Marinha a ideia de montar o circo a pretexto da entrega de um convite para que o presidente participe do desfecho das manobras de treinamento de tropas que ocorrerão nesta semana no município goiano de Formosa, a uma hora e pouco de distância de Brasília.
A intenção estava clara desde o começo: assustar os deputados federais no dia em que seria votada a proposta de restabelecimento do voto impresso, tão cara a Bolsonaro. Braga Neto comprou a ideia com entusiasmo, assim como o presidente da República e alguns ministros civis do governo.
Quando nada, mesmo que o voto impresso não fosse aprovado, a passeata de tanques e de outros equipamentos pesados de guerra pelo centro de Brasília serviria para tirar a atenção sobre mais uma derrota de Bolsonaro no Congresso – e que derrota! O voto impresso foi uma de suas bandeiras de campanha.
O tiro saiu pela culatra. O que ontem foi tratado como um aviso de que a força militar poderá ser empregada para garantir a reeleição de Bolsonaro no ano que vem ou sua permanência no poder fora das quatro linhas da Constituição, hoje revelou-se uma patetice, apresentada no exterior como ato de uma República de bananas.
Bolsonaro não está nem aí para o que se diga a seu respeito aqui e lá fora. Os militares se levam um pouco mais a sério. Nada tinham a ganhar se comportando como guarda pretoriana de um ex-capitão afastado do Exército por indisciplina e conduta antiética. De fato, nada ganharam, além de novos danos na sua imagem.
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Edição: Aurélio Fidêncio
Matéria: Ricardo Noblat
Fonte: Metropoles
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