Putin e Lula Discutem Proposta de Paz para Guerra na Ucrânia em Chamada Telefônica

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Presidente russo também expressou solidariedade ao Brasil pelos incêndios florestais, enquanto debate sobre a paz na Ucrânia enfrenta críticas de Zelensky.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, ligou nesta quarta-feira (18) para o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, para discutir uma proposta de paz para a guerra na Ucrânia. Durante a conversa, Putin manifestou solidariedade pelos incêndios florestais que assolam o Brasil em meio à seca histórica. O diálogo incluiu temas relacionados à próxima cúpula dos BRICS e à proposta de paz elaborada por Brasil e China, que visa pôr fim ao conflito entre Rússia e Ucrânia. No entanto, a proposta recebeu críticas do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que a classificou como “destrutiva” e politicamente motivada.

O Palácio do Planalto divulgou que o presidente russo Vladimir Putin entrou em contato com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para uma conversa que abordou uma série de questões importantes, incluindo a solidariedade de Putin ao Brasil em relação aos incêndios florestais que estão devastando diversas regiões do país, em meio a uma seca que já é considerada uma das piores da história recente. O contato entre os dois líderes ocorreu na manhã desta quarta-feira, e, além das questões ambientais, focou também nas relações bilaterais e no cenário internacional.

A proposta de paz para a guerra na Ucrânia, elaborada em conjunto por Brasil e China, foi um dos principais tópicos discutidos. Essa proposta visa estabelecer condições para um cessar-fogo entre Ucrânia e Rússia e retomar as negociações diplomáticas, com o intuito de encerrar o conflito que já se estende por mais de dois anos e meio. De acordo com o Palácio do Planalto, Putin e Lula conversaram sobre os elementos fundamentais da proposta, que inclui três princípios centrais: evitar a expansão do campo de batalha, impedir a escalada dos combates e assegurar que nenhuma das partes intensifique a situação.

A proposta foi formalmente apresentada no final de maio, após uma reunião entre o assessor especial brasileiro Celso Amorim e o chanceler chinês Wang Yi. O documento enfatiza a necessidade de um diálogo direto entre as partes envolvidas no conflito e sugere a criação de uma zona segura ao redor de usinas nucleares, a fim de proteger a infraestrutura civil. Além disso, o texto apela pela intensificação da ajuda humanitária às áreas mais afetadas.

No entanto, a recepção da proposta por parte da Ucrânia tem sido amplamente negativa. Na semana passada, em entrevista ao portal Metrópoles, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky criticou a iniciativa, afirmando que ela carece de legitimidade e é essencialmente uma “declaração política” que serve aos interesses da Rússia. Zelensky foi enfático ao afirmar que o Brasil e a China não consultaram a Ucrânia sobre os detalhes da proposta e que ela não considera as necessidades ucranianas. “Não nos perguntaram nada. E a Rússia aparece e diz que apoia a proposta do Brasil e da China. Nós não somos tolos”, afirmou Zelensky, criticando o que chamou de “teatro político”.

O líder ucraniano também acusou o Brasil de adotar uma postura pró-Rússia. Segundo Zelensky, é necessário fortalecer a posição da Ucrânia antes de qualquer negociação e questionou o motivo pelo qual o Brasil e a China optaram por se alinhar, ou manter uma posição de neutralidade, no conflito. “Eu disse a Lula e ao lado chinês: ‘Vamos sentar juntos, vamos conversar’. Vocês não são nossos inimigos. Por que vocês decidiram ficar ao lado da Rússia? Ou estar em algum lugar no meio?”, acrescentou.

Por outro lado, o governo brasileiro, através do Itamaraty, defendeu a proposta, afirmando que o Brasil tem sido claro e firme em sua condenação à invasão russa da Ucrânia em diversas instâncias, incluindo a Organização das Nações Unidas (ONU) e o BRICS. Em resposta às declarações de Zelensky, o Itamaraty destacou que o Brasil está comprometido com a busca por uma solução pacífica e que a proposta de paz com a China representa um esforço significativo para retomar o diálogo entre as partes. “Os elementos propostos sugerem princípios básicos que poderiam ser considerados na consolidação de um eventual processo negociador”, afirmou a nota oficial.

A proposta de paz Brasil-China inclui, além da desescalada militar, o apelo à comunidade internacional para apoiar os entendimentos entre as partes e promover conversações multilaterais para a construção de uma solução duradoura. O documento também ressalta a importância de evitar uma crise humanitária de maiores proporções e garantir a segurança das infraestruturas nucleares. Além disso, defende o fortalecimento da cooperação internacional em setores cruciais como energia, segurança alimentar e infraestrutura crítica.

Apesar das críticas de Kiev, o Brasil mantém sua postura de mediador no conflito e busca estreitar relações com a China e outros países do BRICS, um bloco econômico composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O presidente Lula tem reiterado a importância de uma solução negociada para a guerra na Ucrânia, e a cúpula dos BRICS, que será realizada em Kazan no próximo mês, deverá incluir novas discussões sobre o tema.

Resta saber se os esforços diplomáticos de Brasil e China conseguirão superar as resistências tanto da Ucrânia quanto de outros atores internacionais que veem a proposta com ceticismo. No entanto, a ligação entre Putin e Lula ressalta a disposição dos dois líderes em continuar as discussões e buscar alternativas para a paz.

Edição: Aurélio Fidêncio
Matéria: Léo Lopes
Fonte: CNN
Foto: Não divulgada

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