Novas praças de pedágio automatizadas chegam Região Metropolitana de Sorocaba, mas sem geração de empregos e com impacto direto nos custos dos moradores e comerciantes locais. Como você avalia essa mudança?
O Governo do Estado de São Paulo anunciou a instalação de pelo menos 18 novas praças de pedágio nas rodovias que integram a chamada Rota Sorocabana, abrangendo um trecho de 460 quilômetros de rodovias no sudoeste paulista. A iniciativa faz parte de uma concessão pública que visa, segundo o governo, a modernização e melhoria das vias da região. No entanto, a medida tem gerado controvérsias, principalmente pelo sistema de cobrança que será implementado e pela falta de benefícios diretos para as comunidades locais.
De acordo com o projeto anunciado, os novos pedágios serão operados pelo sistema “Free Flow”, um modelo de cobrança automatizada que dispensa cabines de pagamento e o tradicional atendimento presencial. Embora o modelo seja justificado como uma modernização dos serviços, ele também implica que não haverá geração de empregos locais, tradicionalmente vinculada à operação de pedágios manuais. Esta questão tem sido motivo de críticas, uma vez que diversos municípios ao longo das rodovias afetadas enfrentam desafios econômicos e possuem alta demanda por empregos locais.
Rodovias Impactadas
As praças de pedágio estarão distribuídas em pontos estratégicos de importantes rodovias da região. Entre as principais vias impactadas estão:
- SP-280 – Rodovia Presidente Castello Branco
- SP-75 – Rodovia Santos Dumont
- SPI-91/270 – Rodovia Senador José Ermírio de Moraes (Castelinho)
- SP-270 – Rodovia Raposo Tavares
- SP-79 – Rodovia Waldomiro Corrêa de Camargo
- SP-264 – Rodovia João Leme dos Santos
As cidades mais impactadas serão: Alumínio, Araçariguama, Araçoiaba da Serra, Cotia, Ibiúna, Itu, Juquiá, Mairinque, Piedade, Pilar do Sul, Salto de Pirapora, São Miguel Arcanjo, São Roque, Sorocaba, Tapiraí, Vargem Grande Paulista e Votorantim. Esses municípios, além de servirem de acesso a importantes centros econômicos da região, enfrentam a perspectiva de aumento nos custos de deslocamento e, por consequência, no custo de vida.
Justificativas e Implicações
O governo estadual justifica a concessão da Rota Sorocabana como uma estratégia de longo prazo para modernizar a infraestrutura rodoviária e aumentar a segurança dos usuários. No entanto, a instalação das praças de pedágio, principalmente no modelo “Free Flow”, sem qualquer contrapartida em geração de empregos ou investimentos diretos para os municípios impactados, tem gerado receio entre os moradores e comerciantes locais.
Para muitos, a medida é vista como uma forma de aumentar a arrecadação sem oferecer um retorno claro para a população. Moradores e pequenos empresários temem o impacto das tarifas de pedágio sobre o fluxo de veículos e sobre os custos de transporte, tanto para o comércio local quanto para o transporte de produtos essenciais. Além disso, municípios menores, que já possuem uma arrecadação limitada, não enxergam no projeto benefícios diretos que justifiquem a cobrança aos seus cidadãos.
Alternativas e Questionamentos
O sistema de pedágios automáticos vem sendo adotado em diversos lugares, e seus defensores apontam a fluidez no tráfego e a redução de filas como pontos positivos. No entanto, sem medidas de compensação que revertam a arrecadação em benefícios locais, o modelo é visto com desconfiança. Líderes comunitários e alguns representantes locais questionam a falta de transparência sobre a destinação dos recursos obtidos com a cobrança de pedágios e têm solicitado ao governo estadual um diálogo mais aberto sobre o tema.
Essa polêmica levanta questões sobre o equilíbrio entre modernização e responsabilidade social. Diante da reação pública, é esperado que autoridades estaduais revejam os termos da concessão, de forma a contemplar contrapartidas que incentivem o desenvolvimento regional e a oferta de empregos locais, bem como uma política de descontos ou isenções para moradores dos municípios diretamente afetados.
Ao ampliar as cobranças na malha rodoviária, o governo estadual deverá lidar com o desafio de equilibrar modernização e equidade, de forma a não onerar injustamente aqueles que mais dependem das rodovias para seu deslocamento diário.
- Matéria: Aurélio Fidêncio
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